sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Look Up

Já passou imenso tempo desde o ultimo post. Lembro-me várias vezes de escrever e parece que nunca encontro o momento. Não é difícil sentirmos-nos absorvidos por todos planos, tarefas e metas que vamos criando, ajustando e renovando. Por outro lado, o acesso imediato e quase ininterrupto que temos aos novos meios de comunicação e entretenimento sugam o que seria tempo livre, aborrecido e sem nada para fazer. Tempo que precisamos para fazer as outras tantas coisas que não estão na lista principal, mas também nos dão alegria e prazer.

Um pouco por acaso encontrei este vídeo no You Tube, uma reflexão sobre a utilização massiva das redes sociais. Tem alguns pontos de vista interessantes.

















 
(https://www.youtube.com/watch?v=Z7dLU6fk9QY)

quinta-feira, 20 de março de 2014

20 Março, dia da Felicidade

http://www.unfoundation.org/


 Para os que, tal como eu, não sabiam, ficam a saber: dia 20 de Março é o dia internacional da Felicidade (International Day of Happiness). Não sei se o inicio da primavera teve alguma coisa a ver com a escolha do dia, eu pessoalmente acho que até faz sentido, dias maiores, sol e temperatura agradável são contributos valiosos para esse sentimento tão procurado e efémero como a felicidade.


Cada um terá os seus planos, que acreditamos, nos vão trazer mais momentos de felicidade, cada um terá os seus padrões, muitos serão simplesmente felizes e só o descobrirão depois do momento passado. Num mundo em que a tendência é reinventar novas maneiras de solucionar as necessidades conhecidas e ainda por descobrir, o que não falta são teorias sobre como encontrar a felicidade e aparentemente o segredo está nas coisas mais simples e primitivas. Habitualmente todos sabemos actividades que nos dão prazer e nos fazem felizes o problema costuma ser arranjar tempo nas agendas dos dias que passam a correr lotados de planos, trabalhos pendentes, deadlines, preocupações com os problemas actuais e os que ainda estão para vir. Aparentemente preocupamo-nos demais com as pequenas coisas, ou as coisas que não nos trazem grande beneficio e temos dificuldade em dedicarmo-nos apenas ao que importa. Achamos que conseguimos dar conta de tudo e trabalhar em várias frentes sem descanso para nos frustrarmos com os resultados insatisfatórios. Adiamos os planos do que realmente queremos fazer, porque o que é "obrigação" tem prioridade. Passam os dias a correr, as semanas, os anos e depois eventualmente fica tarde para fazer o que gostaríamos de ter feito. Será que se invertermos as prioridades e nos dedicarmos mais aquilo e aqueles de que/de quem gostamos sobrevivemos ao frenesim da sociedade? Sabe tão bem parar de vez em quando e ouvir apenas o fisiológico.
Há uma teoria que diz que 80% dos resultados advêm de 20% dos nossos esforços. O desafio é identificar os 20% em que vale a pena investir e reservar o resto do tempo para ser feliz.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Antibioticos versus bactérias. take 2


www.theguardian.com


"Novas bactérias multirresistentes e agressivas estão a surgir em Portugal"
Esta noticia é de 2012, mas o problema continua presente nos dias de hoje e não é raro o dia em que são notícia  novos casos de infecções por bactérias multi resistentes.

Estaremos nós a chegar a uma fase em que simplesmente não teremos medicamentos eficazes para combater as novas infecções como se estivéssemos na era pré-antibióticos?

As doenças infecciosas continuam a ser uma das principais causas de morte prematura, especialmente nos países em desenvolvimento. O  aparecimento e disseminação de bactérias patogénicas resistentes aos antibióticos existentes despertaram a necessidade para o desenvolvimento de novos agentes terapêuticos, contudo, nos últimos 30 anos, apenas 2 novas classes de antibióticos com novos mecanismos de acção (linezolida e daptomicina) chegaram ao mercado. Verifica-se uma diminuição do investimento no desenvolvimento de novos antibióticos, quer por razões cientificas quer por questões económicas.

 Ao longo dos anos, o progresso na biologia molecular e novas técnicas de análise têm vindo a revelar novas abordagens para a descoberta e desenvolvimento de novos antibióticos, contudo é essencial que a utilização dos antibióticos actualmente existentes seja mais responsável e cuidada de forma a evitar problemas maiores com o aparecimento de bactérias multi resistentes para as quais não temos ainda tratamento eficaz.

Quando aparecem infecções causadas por bactérias que vão resistindo e persistindo a cada nova tentativa de tratamento, vão-se esgotando as opções existentes. Por exemplo tem sido cada vez mais comum o aparecimento que organismos resistentes a todos os antibióticos excepto à Colistina, um agente com elevado nível de toxicidade e eficácia duvidosa que tinha sido abandonado nos anos 60 após o aparecimento de terapias mais seguras e eficazes. Pior ainda é o aparecimento de organismos resistentes a todas as classes de antibióticos. Estas infecções são responsáveis por elevada taxa de mortalidade independentemente do tratamento aplicado e continuarão a ser causa de morte enquanto não surgirem novos métodos de prevenção e tratamento. Isto não significa que sempre que alguém tenha uma infecção por estes organismos esteja condenado. Há alguns casos em que se observa recuperação, ou seja, mesmo não havendo antibiótico eficaz, o organismo humano pode conseguir combater o agente infeccioso e recuperar. Infelizmente esta tarefa pode se mostrar mais difícil e menos provável para pessoas internadas com  estado de saúde comprometido por outras doenças.

Só recentemente é que se começou a falar desta questão e da necessidade de racionalizar a utilização dos antibióticos. A comunidade médica começou gradualmente a direccionar melhor o tratamento em vez de partir logo para o ataque em todas as frentes, contudo, acredito que se continue a tomar muitos antibióticos só porque sim, não havendo uma justificação clara para tal decisão. Em parte, esta atitude também é culpa dos utentes e da falta de informação quando acham que não é razoável esperar simplesmente que uma infecção viral passe, apenas com gestão dos sintomas, e exigem ou procuram soluções desajustadas como os antibióticos. O facto de termos mais medicamentos à nossa disposição não significa que tomá-los pelo sim pelo não (leia-se: para o caso de ser infecção bacteriana ou não) não é de todo a melhor abordagem e o aparecimento de estirpes multi resistentes são prova disso. Não obstante, os antibióticos continuam a ser aliados valiosos quando bem utilizados, o necessário é zelar para que não se tornem obsoletos demasiado depressa.


"...how the antibiotics pipeline is drying up while resistance to existing drugs is increasing. Theresa Braine reports." in  Race against time to develop new antibiotics.



segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Receita para um final infeliz

É sabido que desde que a Internet se tornou global e de fácil acesso, podemos encontrar todo o tipo de teorias sobre todo o tipo de assuntos, não é difícil encontrar alguém algures que partilha as mesmas ideias ou opiniões sobre determinados assuntos, mesmo que descabidos. Há várias formas de testarmos a credibilidade daquilo que lemos. Eu gosto de estudos científicos, mas mesmo esses valem o que valem. E é sobre isso que vou escrever hoje. O senhor chama-se John Gottman, dedica-se há vários anos ao estudo de relacionamentos e as suas teorias constituem parte dos fundamentos da chamada terapia de casal.

Num dos seus estudos mais conhecidos (Predicting Divorce among Newlyweds from the First Three Minutes of a Marital Conflict Discussion) apresenta um modelo para prever a ocorrência de divorcio entre casais baseando-se na forma como discutem. Ou seja, defende que a maneira como os casais se relacionam e gerem as suas discussões tem um peso determinante no sucesso ou insucesso das relações. 

Dos vários factores envolvidos salientam-se 4 (apelidados de cavaleiros do apocalipse) que são: critica, desprezo, atitude defensiva e bloqueio da conversação.

O primeiro factor é a critica, mas Gottman salienta a diferença entre critica e queixa. Todos os casais terão alguma queixa/observação a fazer um do outro, queixar-se de alguma coisa é normal, a diferença está na forma como é feita e quando a queixa se torna critica (no sentido não construtivo). Uma queixa foca-se num comportamento especifico, numa situação, enquanto que a critica ataca o carácter da pessoa. ex: "Devias me ter dito que ias chegar atrasado/a que eu teria aproveitado para fazer outra coisa enquanto esperava" Vs "Chegas sempre atrasado/a, és completamente irresponsável, nunca posso confiar em ti".

A critica, no sentido não construtivo, pode levar ao segundo factor, o desprezo. Alguns exemplos de desprezo são o sarcasmo, cinismo, insulto, revirar de olhos, escárnio ou simplesmente humor hostil. Desprezo é um dos piores "cavaleiros", pois comunica desgosto para a pessoa a quem é direccionado, afectando a sua auto estima e agravando ainda mais o conflito. Ao mesmo tempo a pessoa que critica e mostra desprezo coloca-se numa posição de superioridade, acusações e ditando as regras do jogo. Esta atitude atropela o principio de igualdade e respeito mutuo.

Uma resposta natural ao desprezo é uma atitude defensiva, o terceiro cavaleiro. Quando alguém se sente de alguma forma "atacado" tendencialmente torna-se defensivo. A atitude defensiva rejeita responsabilidades na origem do problema, quer pela forma como foi abordado, quer por não reconhecer as suas limitações. Nesta fase o problema não só não fica resolvido como escala para um novo nível, o bloqueio da comunicação, o quarto cavaleiro. Um dos parceiros "desliga" da conversa, dos argumentos e da discussão. Esta forma de desistir impossibilita uma resolução clara e pacifica do problema que esteve na origem da discussão e normalmente surge após se terem atingido os 3 cavaleiros anteriores. Aparentemente é mais comum nos homens que nas mulheres e é utilizado numa tentativa de travar o mau estar provocado pela discussão. A pessoa que bloqueia a comunicação tende a ignorar o parceiro, não dando sinais de resposta, o que torna o outro ainda mais furioso.

Segundo Gottman, cada um destes factores ou cavaleiros tem valor preditivo no divorcio/separação, sendo que na maioria das vezes estão os 4 presentes nos relacionamentos infelizes.














terça-feira, 30 de julho de 2013

Apenas calorias



Nos últimos tempos a problemática da obesidade tem vindo a ganhar terreno e com ela o interesse pelas tabelas de informação nutricional presentes nos rótulos dos alimentos. Na altura do verão ainda mais, não só por questões de saúde, mas essencialmente para “controlo” das calorias. Grandes marcas da industria alimentar têm manifestado “interesse” em ajudar a controlar o problema da obesidade promovendo produtos com baixo teor calórico.

Neste contexto, a Coca-Cola lançou recentemente a campanha mundial anti-obesidade "compromissos globais para ajudar a combater a obesidade" – com a promessa expandir a apresentação da informação das calorias nos rótulos de todos os seus produtos de forma a informar e dar aos consumidores uma ampla gama de opções na escolha de refrigerantes com baixo teor calórico. Este entusiasmo, não apenas da coca-cola, mas de várias empresas, revela a facilidade com que o conceito pode ser aproveitado e explorado pela industria.

A ideia partilhada pela sociedade actual de que o problema da obesidade é explicado pela equação de balanço de energia – calorias-in, calorias-out, devendo-se escolher alimentos com menos calorias revela uma visão muito redutora da questão, negligenciando a qualidade dos alimentos e a importância das diferentes fontes de calorias.
Tem havido uma pressão por parte de especialistas em saúde publica e nutrição para que a informação energética apareça no rotulo de todos os alimentos de forma bem visível e idealmente também nos menus dos restaurantes (já acontece no caso do Mcdonals por exemplo), de forma a que essa informação possa influenciar a escolha dos clientes e incentivar a industria a reduzir o número de calorias dos seus produtos.

Muitas empresas de alimentos têm-se colado à mensagem dominante da saúde publica proclamando que todas as calorias contam no que diz respeito a ganhar ou perder peso, passando a ideia de que uma caloria de açúcar é o mesmo que uma caloria de maça ou banana e que a qualidade dos alimentos é irrelevante quando se trata de ganho ou perda de peso. Esta ideia abre caminho para os alimentos altamente processados e modificados de forma a apresentarem baixo teor calórico. Tudo parece ideal se não se tiver em conta a lista de ingredientes (a que pouca gente presta atenção ou consegue interpretar. Sim a quantidade de nomes estranhos e ingredientes do tipo E’qualquer coisa’ começa a ser dominante nalguns tipos de alimentos).
A estratégia das empresas passa por reduzir a quantidade de ingredientes refinados e reconstituídos como o açúcar, óleos vegetais refinados e modificados, amido modificado e extractos de produtos de carne. Estes ingredientes estão na base de muitos alimentos altamente processados e produtos de fast food. Na parte dos refrigerantes, a industria consegue reduzir o teor calórico recorrendo a adoçantes artificiais como stevia e aspartamo para substituir açucares como a sacarose ou a frutose. Todos estes aditivos, são aprovados para uso alimentar e considerados seguros se consumidos em quantidades reduzidas. O problema é que estão por toda a parte, tirando os alimentos simples, começa a ser difícil encontrar produtos alimentares que não os contenham na sua composição.

A informação das calorias nos rótulos é importante e deve ser utilizada pelos consumidores para identificar a presença das chamados "calorias ocultas", na forma de quantidades excessivas de óleos vegetais adicionados, açúcar, soja, farinhas altamente refinadas, e carne gorda com o objectivo de ter uma noção da quantidade de alimento que deve ser consumido numa determinada situação.

A ênfase que a publicidade dos alimentos coloca nas calorias permite desviar a atenção dos consumidores da lista de ingredientes, método de processamento e a qualidade geral dos alimentos e da fonte de energia. Esta visão redutora despreza o impacto dos alimentos altamente processados no metabolismo e saúde geral das pessoas que os consomem.

Na maioria das vezes, a informação está lá, mas da forma que mais convém à industria e não ao consumidor. É necessário que as pessoas se tornem mais conscientes da real composição, proporção e qualidade dos alimentos e ingredientes daquilo que ingerem de forma a verem para além das mensagens de marketing das empresas de alimentos e refrigerantes.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Copo de água



Nos últimos tempos as publicações aqui no blogue tornaram-se um pouco mais raras, não por falta de assunto interessante, mas porque o tempo parece sempre pouco e outras preocupações afastam-me daqui.

Hoje encontrei esta história algures na net. Muito simples, mas faz todo o sentido.

"Uma psicóloga andava em torno da sala enquanto dava uma aula de gestão de stress para a audiência. Quando levantou um copo com água, todos esperavam a pergunta do copo meio cheio ou meio vazio. Em vez disso, ela perguntou: "Quanto pesa este copo de água?" 


As respostas variaram entre 200 e 600 gramas.

Ela respondeu: "O peso absoluto não importa. Depende de quanto tempo vou segurá-lo. Se eu segurar o copo na mão por um minuto, não há um problema. Se o segurar durante uma hora, provavelmente vou ficar com dor no braço. Se o segurar durante um dia, vou sentir o meu braço entorpecido e paralisado. Em cada caso, o peso do copo não muda, mas quanto mais tempo o segurar, mais pesado ele se torna. "Ela continuou: "As tensões e preocupações da vida são como um copo de água. Pensar nelas  por um tempo e nada acontece. Pensar nelas um pouco mais e elas começam a doer. E se pensarmos nisso o dia todo, vamos-nos sentir sentir paralisados - incapazes de fazer qualquer coisa. "
 

É importante lembrarmo-nos de libertar as nossas tensões. No início da noite, logo que possível devemos pousar os nossos fardos. Não carregá-los durante a tarde e a noite. Lembrem-se de pousar o copo!"

sexta-feira, 3 de maio de 2013

post 2. interesses comuns


Do opposites attract?

Há a visão romântica de que os opostos se atraem. Eu não concordo. Até pode despertar alguma atenção, mas normalmente não é sustentável.

Os relacionamentos baseiam-se na procura de soluções para as nossas necessidades, muitas vezes de forma inconsciente. Ou seja, tentamos encontrar alguém que nos complementa, que nos ajude a aprender, a curar e a crescer.

Se há coisa que fortalece uma relação é a existência de interesses comuns. Até podemos achar a diferença interessante, mas no fundo o que nos faz aproximar é o entusiasmo que se partilha pelas mesmas coisas. Tendencialmente gostamos de pessoas com as quais nos identificamos ideologicamente, que têm ambições semelhantes, que gostam daquilo que nós gostamos. Não se trata de procurar alguém igual a nós, mas sim alguém que nos complementa. Alguma divergência também tem a sua piada, mas se for o oposto o mais provável é que se torne insuportável.

Numa relação é importante ter uma visão clara dos nossos interesses e dos interesses do outro. O que gostamos e não gostamos de fazer, o que ainda não se conhece mas se gostaria de experimentar. Interesses em comum podem gerar boas conversas, incentivos e momentos de convívio para o casal. Por outro lado é importante perceber que não é essencial que os dois gostem exactamente das mesmas coisas, é claro que há actividades que as mulheres apreciam, que os homens dispensam com prazer e alivio e vice-versa. Para isso existem os programas com os amigos/as ou a sós.

À medida que a relação se consolida as semelhanças tornam-se ainda mais importantes. Desde o tipo de alimentação, passatempos e estilo de vida até às ambições e planos futuros. Idealmente, há uma adaptação bilateral com vista à convergência, se houver posturas opostas em aspectos essenciais torna-se difícil avançar sem atropelar alguma das partes. Por outro lado, o respeito e tolerância pelas diferenças permite relativizar as divergências e dedicar-se ao essencial.