terça-feira, 26 de junho de 2012

Mulheres da Arábia Saudita nos Olimpicos

Dalma Rushdi Malhas, Agence France-Presse/Getty Image

Às vezes é muito tentador criticar os hábitos e formas de estar das pessoas de culturas diferentes da nossa. As nossas crenças enviesam a nossa capacidade de observar e compreender as suas crenças, os seus hábitos e liberdades. Numa altura em que tendemos para a globalização, acreditamos que todos os países deviam adoptar maneiras de estar mais ocidentais, mais familiares. Mas há sempre uma história por detrás de cada cultura que justifica essa maneira de estar e há a evolução. A Arábia saudita vai ter pela primeira vez uma mulher a competir nos jogos Olímpicos de Londres. As regras do jogo vão mudando, ainda bem.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Mais olhos que barriga

"Challenge kids breakfast", mais detalhes aqui
Se pensarmos na evolução da espécie humana, no que respeita a alimentação, pode-se concluir que houve uma alteração completa do paradigma (pelo menos nos países desenvolvidos, é a estes que me refiro neste post). Inicialmente o desafio era encontrar comida suficiente que assegurasse sobrevivência e energia para arranjar mais alimento, cuidar  da prol ou fazer a prol, arranjar e manter abrigo e defesa. Caso houvesse períodos de mais abundância era vantajoso armazenar energia, para alturas menos favoráveis. Actualmente parece que o desafio é comer o mais possível sem que daí advenham muitas consequências, embora também haja pessoas que simplesmente queiram comer.

Passamos da necessidade de ter uma organismo o mais eficiente possível para poder aproveitar todos os nutrientes disponíveis para o desejo de ter organismo eficiente em se ver livre do que lhe chega em excesso sem descurar a absorção e utilização de nutrientes essenciais. Claro que tanta perfeição não existe, entre metabolismos mais ou menos acelerados, a acumulação de gordura por tudo quanto é sitio (não só em zonas visíveis, mas também na maquinaria, artérias por exemplo) é a consequência mais flagrante que tem vindo a ganhar terreno com os hábitos de comer mais e mexer menos. Felizmente nem toda a gente pensa assim, mas é assustador ver a tendência: estamos mais sedentários, mais pesados e comemos mais do que há alguns anos atrás. Pior do que isso é perceber a confusão entre qualidade e quantidade, não interessa se é mais do que precisaríamos para o dia inteiro, se der para ser comido numa só refeição, faremos o melhor esforço.

Também não sou fã de comer duas ou três coisas no meio do prato e esperar ficar saciada até ao outro dia, às vezes sabe bem um pequeno excesso, a questão é que não se pode tornar a regra. Não podemos ter mais olhos que barriga e viver alegremente a pensar que o organismo se vais desenrascar com o que está a mais, ou então achar que um medicamento milagroso vai tornar a absorção selectiva, enfim qualquer ilusão serve para tornar o comportamento irracional mais aceitável. As pessoas não se deviam preocupar só com o tamanho (o que também só acontece mais no Verão), mas os olhos e a gula são mais fortes do que qualquer bomba relógio escondida.

Deixo-vos com o "Challenge Kidz Breakfast", uma moda que parece que se anda a espalhar e a ganhar adeptos.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Sebastião Salgado

"Não trabalho com a miséria, mas com as pessoas mais pobres. Elas são muito ricas em dignidade e buscam, de forma criativa, uma vida melhor. Quero com isso provocar um debate. A nossa sociedade é muito mentirosa. Ela prega como sendo única a verdade de um pequeno grupo que detém o poder."




Mina de Ouro de Serra Pelada (1986), Brasil por Sebastião Salgado.

 A imagem é indiscutivelmente melhor do que a palavra na descrição de um mundo que parece paralelo, mas não deixa de ser o mesmo. Recomendo um olhar pelo portfolio.


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Boas ideias

Toda e gente sabe que o bem estar e relacionamento entre trabalhadores afecta significativamente o nível de produtividade de uma empresa. Nos últimos anos, algumas empresas têm vindo a dar cada vez mais importância a estes aspectos e a inserindo-os na sua filosofia empresarial como estratégia de competitividade. Trabalhadores satisfeitos, não só são mais criativos e activos como provavelmente darão menos faltas e dedicarão mais tempo ao seu trabalho sem se sentirem explorados. As condições de trabalho e o salário tem um papel importante nesta parte, mas há um conjunto de outras medidas, mais ou menos dispendiosas que podem trazer bons resultados.

Felizmente já não faltam exemplos de empresas que mimam os seus trabalhadores com vista a obter melhor resultados. Na semana passada o Sol anunciava o desenvolvimento de hortas biológicas pelos colaboradores da Corticeira Amorim em terrenos cedidos pela empresa. Numa altura de crise, em que o desejo de ter acesso a vegetais frescos de boa qualidade e a custo simpático tem vindo a ganhar terreno, esta medida parece-me uma boa forma de promover o bem estar dos colaboradores de forma simples e económica para a empresa. É uma questão de estratégia empresarial e boa vontade.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Arte

Italy Wall_Alexandre Farto aka Vhils

Um destes dias descobri Alexandre Farto e a sua arte. Gosto do conceito, principalmente da maneira como dá vida às paredes. Vale a pena ver, aqui.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Espaço pessoal

Se há coisa capaz de me irritar logo de manhã, é ter de entrar num metro em hora de ponta, e não é por ter de ficar de pé ou não poder ler o jornal, é mesmo por haver demasiadas pessoas em tão pouco espaço. As pessoas em si não são o problema, a distância a que ficam de mim é que incomoda. É geral e mais ou menos automático, as pessoas evitam cruzar olhar, tentam parecer distantes, entretidas com a vista ou com a musica que ecoa dos fones, tenta-se manter um distanciamento que fisicamente não é possível, ninguém se sente muito confortável, mas não há alternativa. Quando as pessoas que me rodeiam são amigos o cenário muda um pouco, há mais alguma tolerância à invasão/partilha de espaço, quanto mais próxima for a pessoa mais natural é estar próximo sem causar incómodo. Vulgarmente conhecido como espaço pessoal, é instintivo e determina a zona de conforto a que gostamos de manter as pessoas, consoante o tipo de relação que mantemos com elas, tal como descreveu o antropologista Edward Hall em 1966 como diagrama das bolhas invisíveis.


from wikipedia






A evolução encarregou-se de nos programar para sentir desconforto quando alguém estranho se aproxima demasiado, talvez um instinto de defesa ou protecção. As amígdalas são as grandes responsáveis, pequenas estruturas na base do cérebro envolvidas no processamento das emoções, tal como ficou descrito em vários estudos sobre o assunto.

É interessante observar que a dimensão da "bolha" varia consoante as culturas (os latinos sentem-se mais confortáveis com distâncias mais curtas que os americanos por exemplo) e factores como origem rural ou urbana das pessoas. Nas cidades, há bem mais situações em que é inevitável andar no meio da multidão, não há outro remédio senão ficar habituado ou mais insensível às "violações" do espaço pessoal. Por outro lado há circunstâncias em que estamos mais pré-dispostos a ficar mais próximos de estranhos ou semi-conhecidos sem disparar o alarme, tal como em momentos de convívio e descontracção nas saídas nocturnas. Contudo o facto de estarmos pré-dispostos a abdicar de alguns centímetros não significa que nos pareça normal/seja confortável estar colado a um estranho, a não ser claro que haja o factor álcool a moderar as interacções.

A distância a que duas pessoas conversam numa situação natural é um bom indicador do tipo de relação que há entre os dois. Varia à medida que se conhece melhor a outra pessoa, que se ganha confiança, se são do mesmo sexo ou do sexo oposto e se há interesse uni ou bilateral em envolvimento intimo. Quando lidamos com estranhos, somos mais permissivos a pessoas do mesmo sexo (pelo menos entre mulheres) e se for um animal de estimação (com ar pacifico) ou uma criança é possível que a aproximação para lá dos "limites" do espaço pessoal nos pareça natural.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Estereótipos

Estereótipos: ...a fixed, over generalized belief about a particular group or class of people.” (Cardwell, 1996)

Assumidos ou não, todos seguimos alguns estereótipos quando à primeira ou segunda vista "avaliamos" alguém que não conhecemos. A maioria das vezes não precisamos de muito tempo para termos uma ideia formada de alguém, da forma como se vai comportar, do nível de interesse ou falta dele, se será simpática ou desagradável. A grande vantagem dos estereótipos é que nos permite ter uma resposta rápida perante uma situação, só porque já passamos por uma experiência semelhante no passado. A contra partida é que podemos estar a ignorar diferenças entre os indivíduos, podemos estar a fazer generalizações abusivas e a julgar de forma errada, podemos perder uma boa oportunidade de fazer algo diferente. Tudo tem um preço.


A utilização de estereótipos é uma forma de simplificar a vida social, reduzindo a quantidade de informação que temos de processar quando conhecemos uma pessoa nova. Se pertence a um determinado grupo (étnico, cultural, fictício ou não, simplesmente a forma como a encaixamos em grupos pré-conhecidos) certamente partilha algumas das características das pessoas desse grupo. Este pensamento pode-nos levar à desilusão, por atribuir caracteristicas desejáveis indevidamente, mas a maioria das vezes o processo funciona ao contrario, ou seja atribuímos caracteristicas negativas que mais tarde não se verificam. Este é talvez um dos maiores problemas dos estereótipos, toda a gente se queixa quando as pessoas assumem à partida ideias negativas a seu respeito, é uma forma de discriminação. Não é justo embora se compreenda até determinado nível. Depois disso há ainda a nossa reacção perante as pessoas que enquadramos em determinado grupo, a nossa atitude vai certamente influenciar a resposta da outra pessoa, sem referir que vamos estar muito mais atentos a aspecto que queremos ver confirmados, porque são esperados, em detrimento de outros. Seria insensato acreditar que conseguimos eliminar completamente os estereótipos, a melhor forma de minimizar os danos é ter a mente aberta e receptiva, ter consciência do filtro que estamos a utilizar e ficar atentos aos sinais que podem sugerir de que estamos a fazer uma generalização abusiva, sem aniquilar os benefícios da estereótipagem e do sistema de alarme.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Criatividade

From Sky News


Deve haver muitas formas de definir criatividade ou alguém criativo, para mim, o ponto chave é visualizar algo para além do óbvio (e aqui óbvio significa o que a maioria vê), imaginar e projectar com o mínimo de restrições ou filtros possíveis. É um processo tão pessoal e imprevisivel que, uma parte de pessoas ficará espantada com a perspicácia, e uma outra parte criticará evocando ausência de valores morais e desrespeito por qualquer coisa.

Bart Jansen poderia ter feito o que a maioria faz após a morte do seu gato por atropelamento, mas não, decidiu transformá-lo num helicóptero ou "Orvillecopter". Embora não seja uma ideia que eu ache que deva ser generalizada, é no mínimo original.