quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Mais olhos que barriga

Há duas noticias que se têm vindo a tornar frequentes e são bastantes preocupantes em termos de causas e  impacto. Uma delas diz respeito ao níveis de desperdício de comida que supostamente se verifica em Portugal, tal como em muitos outros países "desenvolvidos" e a outra é sobre o excesso de peso observado em mais de metade das crianças com 5 anos.

Há desperdício de comida a vários níveis da cadeia de consumo e boa parte é mesmo no consumidor final.
Nos últimos anos têm surgido medidas com vista ao reaproveitamento de comida/sobras em restaurantes para distribuição por pessoas com mais dificuldades em ter acesso a esse bem essencial, tal como se lê no Publico. O problema é que parte da população (a que não está habituada a grandes dificuldades e racionamento) tem mais olhos que barriga e uma certa perguicite na hora de reaproveitar sobras. Por outro lado as crianças andam a comer em maior quantidade e/ou pior qualidade nutricional para alem de se mexerem menos.

Ainda se ouve a desculpa de que os alimentos saudáveis são mais caros, basta comparar o preço de uma sopa com o de uma refeição pré-cozinhada/congelada ou pensar no que se pode fazer com um kg de arroz e alguns legumes, não me parece que a razão para comer pior seja mesmo o dinheiro. Fala-se também de menos tempo e eventualmente paciência para gastar na cozinha o que vai contribuindo para a procura de soluções mais rápidas e praticas.

Não é um problema exclusivo do nosso país ou dos novos tempos, mas é uma tendência que se tem vindo a instalar. Cada um saberá a melhor forma de gerir a sua despensa, cozinha e mesa de jantar. Quanto à carteira e à saúde todos queremos acreditar que estamos a fazer o melhor que podemos e também não se pode privar de tudo, mas nalguns aspectos é preciso ser mais realista e ter noção das consequências e contrapartidas.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Fim do mundo

Toda a gente já deve ter ouvido alguma história sobre um Apocalipse, previsto no tempo, que iria dizimar a espécie humana da terra e outras formas de vida. Eventualmente começa pela constatação de algum facto mais suspeito ou interpretação abusiva de algum sinal, depois a criação da teoria, propagação e instalação do pânico e eventualmente preparação para o fim do mundo, que até agora ainda não acabou. Nos dias de hoje não é difícil partilhar teorias e encontrar outras pessoas que acreditem nessas mesmas teorias, dando uma nova dimensão aos acontecimentos.

A mais recente e popular é a do fim do calendário maia, que segundo os entendidos é um pressagio para o fim do mundo dia 21.12.2012. Há varias teorias que suportam a ideia do fim do mundo, havendo inclusive sites dedicados a dicas de sobrevivência para o acontecimento, como é o caso do Survive 2012 - The official Survival Guide for Dec 21 2012. . Algumas destas teorias podem ficar esclarecidas num vídeo apresentado pela NASA. Será o fim do mundo, um dia de mudança, ou apenas mais um?

 

DECEMBER 21 2012 - END OF THE WORLD?



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Acreditar em coisas estranhas

O ser humanos tem uma grande capacidade de acreditar em coisas estranhas e mesmo quando não faz muito sentido nem sempre é fácil mudar de ideias. Basta pensar nas crenças populares. Quando não se sabe a verdadeira razão surgem teorias e alguma acaba por prevalecer, depois surgem histórias ou novas evidencias aqui e ali que confirmam a teoria e está criado o caldo para a criação e passagem de uma história/mito. Mesmo que mais tarde se venha a provar que está errado é difícil deixar de acreditar e nalgumas pessoas continua a prevalecer. 

Neste campo incluem-se as histórias inofensivas (comer laranja à noite mata) que já ninguém sabe quando ou onde surgiram mas vão passando e coisas mais sérias que de forma intencional ou não se tornam conhecimento geral e influenciam a forma como a sociedade reage a determinados problemas como por exemplo a associação da vacinação infantil ao aparecimento de autismo entre outros mitos sobre saúde. Neste caso levou a que muitos pais optassem por não vacinar os seus filhos, fazendo aumentar a ocorrência de doenças que poderiam ser prevenidas através de vacinação e os gastos desnecessários em campanhas publicas para tentar rectificar a situação. As áreas da economia e politica são também bastante férteis neste tipo de fenómenos. 

Existem vários processos de disseminação de informação falsa na sociedade, rumores propagados pela Internet, pelos media, governo e políticos, ficção cientifica ou outras pessoas com fontes e interesses duvidosos. Na era em que estamos, a comunicação e propagação de informação falsa são processos selvagens, é prever a dimensão ou controlar os danos.

Ao nível individual existem factores cognitivos  que facilitam o estabelecimento de mitos e os tornam resistentes à correcção. Quando não há preocupação em averiguar os factos existem atalhos mentais. 

  • A nova informação está em concordância com aquilo em que acreditamos: ser mais ou menos conservador, religioso ou não, de esquerda ou direita influencia o nível de aceitação de novas teorias/histórias. 
  • Faz sentido? Se é fácil de entender/explicar, é fácil de acreditar.
  • Quem disse? Se foi uma pessoa com autoridade ou em posições de poder é mais provável que não se ponha em causa.
  • Quem acredita nisso? É o efeito manada, se muita gente acredita é provável que seja verdade, embora também se saiba que às vezes temos a sensação de que a maioria das pessoas tem a mesma perspectiva que nós mesmo quando não tem.
A partir do momento em que o mito está generalizado, a inercia opõem-se a mudança de ideias (dá trabalho questionar aquilo em que dá jeito acreditar), não basta provar cientificamente ou através de comprovação de factos, é um processo lento, às vezes também designado de mudança de mentalidades.