segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Dos conselhos à prática

"Os conselhos são a teoria da vida – e a prática, em geral, é muito diferente."   Paulo Coelho

Há uma característica mais ou menos universal nas pessoas que consiste em dar conselhos sempre que nos parecer que sabemos exactamente como a outra pessoa deverá agir perante um problema, real ou imaginário. A intenção é boa e normalmente baseiam-se em normas morais, naquilo que seria de esperar num mundo moralmente equilibrado em que temos total/algum controlo sobre os reacções/acontecimentos.

O que é um pouco irritante é que a maioria das vezes embora o conselho pareça realmente fazer sentido é um pouco vão. Estamos fartos de dar e ouvir conselhos e na maioria das vezes não aplicamos na nossa vida aquilo que aconselhamos aos outros. E porque não, já que defendemos tantos essas ideias porque não as pomos em pratica? Acredito que às vezes seja por não ter essa noção. É muito mais fácil analisar os problemas dos outros, encontrar as falhas e as soluções do que ver os nossos próprios problemas, primeiro porque só sabemos uma parte da historia, a mais conveniente, logo é menos informação a analisar e a ter em conta, depois porque não temos o mesmo envolvimento emocional que teríamos se o problema fosse nosso e por ultimo porque as conclusões ou medidas a tomar cabem a outra pessoa, não ponderamos da mesma forma o esforço e resultado que daí advém.

Isto tudo para dizer o que? Não acho mal dar conselhos, podem mesmo ser uma boa ajuda, quando realmente se sabe do que se está a falar e a outra pessoa está na disposição de os ouvir, contudo é necessário ter em conta a legitimidade que nós temos para os dar. Não adianta recomendar as regras se a nossa história diz que não fomos capazes de as seguir, a melhor forma de aconselhar/inspirar continua a ser o exemplo e não a teoria.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Questões idiotas

Sempre achei que o calor tem um efeito engraçado nas pessoas, ou então são as férias, ou as duas coisas juntas. É das poucas alturas em que abdicamos deliberadamente das rotinas (com alguma vontade e prazer). Somos animais de hábitos, gostamos do conforto de saber o que nos espera e ter algum poder sobre os resultados. Não é por acaso que nos mantemos fieis a determinadas marcas, lojas, restaurantes ou sítios. Quando finalmente chegam as férias é diferente, permitem-se pequenas doses de loucura e até procuramos experiências novas, estamos mais receptivos a novas ideias mesmo que sejam meio idiotas.


O que será que acontecia se todas as pessoas do planeta saltassem no mesmo instante? Uma questão idiota que há algum tempo se tinha colocado na minha cabeça e hoje esclareci!


terça-feira, 7 de agosto de 2012

Euromilhões

Euromilhões


Esta semana promete qualquer coisa como 190.000.000 euros para o primeiro prémio. Embora nem tenhamos real noção do que fazer com uma quantia deste género caída do céu, embora estejamos em crise e uma boa parte dos apostadores nunca tenha ganho nenhum prémio significativo, as apostas multiplicam-se. O que leva as pessoas a investir semanalmente na sorte? 

Matematicamente falando, a probabilidade de ganhar o euromilhões é 1 em 116,531,800. Assumindo que a probabilidade de ser atingido por um relâmpago é de “apenas” 1 em cada 700,000, significa que é quase 170 vezes mais provável do que ganhar o euromilhões! Contudo, se pensarmos na probabilidade de ganhar um prémio qualquer no euromilhões, é um pouco mais animados, 1 em cada 13 terá essa sorte. in Dinheiro.pt.

As razões que levam as pessoas a jogar estão intrinsecamente relacionadas com a forma como foi "desenhado" o jogo. Primeiro, embora a probabilidade seja extremamente baixa, caso aconteça ganhar ganhar algum prémio (do 4º ao 1º por exemplo) a recompensa será realmente significativa e aparentemente a baixo custo. Depois, o facto da saída de um pequeno prémio, de vez em quando, ser relativamente frequente (ao próprio ou a alguém conhecido) funciona como reforço positivo. Por outro lado, sem nos apercebermos, julgamos a probabilidade de um evento acontecer com base na frequência com que ouvimos falar disso (Availability Heuristic), aqui entra o papel da comunicação social e da publicidade propriamente dita. Toda a cobertura mediática dada aos sortudos serve para influenciar a nossa decisão em jogar, lembrando-nos de casos em que saíram grandes prémios. A própria organização dos Jogos assegura-se de que vamos ouvir falar dos vencedores através da participação em publicidades. Isto para não falar na falácia do jogador que consiste em acreditar que se um evento (saída de prémio ou conjunto de números) ainda não ocorreu num passado recentemente, certamente está mais próximo de acontecer, pena que a probabilidades de saída de um dado numero ou combinação no euromilhões seja completamente independente de eventos passados.

Todos estes factores contribuem para a fé no jogo e vão movendo verdadeiras multidões há espera do seu dia de sorte, nunca se sabe quando o improvavel pode acontecer.