quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Mais olhos que barriga

Há duas noticias que se têm vindo a tornar frequentes e são bastantes preocupantes em termos de causas e  impacto. Uma delas diz respeito ao níveis de desperdício de comida que supostamente se verifica em Portugal, tal como em muitos outros países "desenvolvidos" e a outra é sobre o excesso de peso observado em mais de metade das crianças com 5 anos.

Há desperdício de comida a vários níveis da cadeia de consumo e boa parte é mesmo no consumidor final.
Nos últimos anos têm surgido medidas com vista ao reaproveitamento de comida/sobras em restaurantes para distribuição por pessoas com mais dificuldades em ter acesso a esse bem essencial, tal como se lê no Publico. O problema é que parte da população (a que não está habituada a grandes dificuldades e racionamento) tem mais olhos que barriga e uma certa perguicite na hora de reaproveitar sobras. Por outro lado as crianças andam a comer em maior quantidade e/ou pior qualidade nutricional para alem de se mexerem menos.

Ainda se ouve a desculpa de que os alimentos saudáveis são mais caros, basta comparar o preço de uma sopa com o de uma refeição pré-cozinhada/congelada ou pensar no que se pode fazer com um kg de arroz e alguns legumes, não me parece que a razão para comer pior seja mesmo o dinheiro. Fala-se também de menos tempo e eventualmente paciência para gastar na cozinha o que vai contribuindo para a procura de soluções mais rápidas e praticas.

Não é um problema exclusivo do nosso país ou dos novos tempos, mas é uma tendência que se tem vindo a instalar. Cada um saberá a melhor forma de gerir a sua despensa, cozinha e mesa de jantar. Quanto à carteira e à saúde todos queremos acreditar que estamos a fazer o melhor que podemos e também não se pode privar de tudo, mas nalguns aspectos é preciso ser mais realista e ter noção das consequências e contrapartidas.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Fim do mundo

Toda a gente já deve ter ouvido alguma história sobre um Apocalipse, previsto no tempo, que iria dizimar a espécie humana da terra e outras formas de vida. Eventualmente começa pela constatação de algum facto mais suspeito ou interpretação abusiva de algum sinal, depois a criação da teoria, propagação e instalação do pânico e eventualmente preparação para o fim do mundo, que até agora ainda não acabou. Nos dias de hoje não é difícil partilhar teorias e encontrar outras pessoas que acreditem nessas mesmas teorias, dando uma nova dimensão aos acontecimentos.

A mais recente e popular é a do fim do calendário maia, que segundo os entendidos é um pressagio para o fim do mundo dia 21.12.2012. Há varias teorias que suportam a ideia do fim do mundo, havendo inclusive sites dedicados a dicas de sobrevivência para o acontecimento, como é o caso do Survive 2012 - The official Survival Guide for Dec 21 2012. . Algumas destas teorias podem ficar esclarecidas num vídeo apresentado pela NASA. Será o fim do mundo, um dia de mudança, ou apenas mais um?

 

DECEMBER 21 2012 - END OF THE WORLD?



quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Acreditar em coisas estranhas

O ser humanos tem uma grande capacidade de acreditar em coisas estranhas e mesmo quando não faz muito sentido nem sempre é fácil mudar de ideias. Basta pensar nas crenças populares. Quando não se sabe a verdadeira razão surgem teorias e alguma acaba por prevalecer, depois surgem histórias ou novas evidencias aqui e ali que confirmam a teoria e está criado o caldo para a criação e passagem de uma história/mito. Mesmo que mais tarde se venha a provar que está errado é difícil deixar de acreditar e nalgumas pessoas continua a prevalecer. 

Neste campo incluem-se as histórias inofensivas (comer laranja à noite mata) que já ninguém sabe quando ou onde surgiram mas vão passando e coisas mais sérias que de forma intencional ou não se tornam conhecimento geral e influenciam a forma como a sociedade reage a determinados problemas como por exemplo a associação da vacinação infantil ao aparecimento de autismo entre outros mitos sobre saúde. Neste caso levou a que muitos pais optassem por não vacinar os seus filhos, fazendo aumentar a ocorrência de doenças que poderiam ser prevenidas através de vacinação e os gastos desnecessários em campanhas publicas para tentar rectificar a situação. As áreas da economia e politica são também bastante férteis neste tipo de fenómenos. 

Existem vários processos de disseminação de informação falsa na sociedade, rumores propagados pela Internet, pelos media, governo e políticos, ficção cientifica ou outras pessoas com fontes e interesses duvidosos. Na era em que estamos, a comunicação e propagação de informação falsa são processos selvagens, é prever a dimensão ou controlar os danos.

Ao nível individual existem factores cognitivos  que facilitam o estabelecimento de mitos e os tornam resistentes à correcção. Quando não há preocupação em averiguar os factos existem atalhos mentais. 

  • A nova informação está em concordância com aquilo em que acreditamos: ser mais ou menos conservador, religioso ou não, de esquerda ou direita influencia o nível de aceitação de novas teorias/histórias. 
  • Faz sentido? Se é fácil de entender/explicar, é fácil de acreditar.
  • Quem disse? Se foi uma pessoa com autoridade ou em posições de poder é mais provável que não se ponha em causa.
  • Quem acredita nisso? É o efeito manada, se muita gente acredita é provável que seja verdade, embora também se saiba que às vezes temos a sensação de que a maioria das pessoas tem a mesma perspectiva que nós mesmo quando não tem.
A partir do momento em que o mito está generalizado, a inercia opõem-se a mudança de ideias (dá trabalho questionar aquilo em que dá jeito acreditar), não basta provar cientificamente ou através de comprovação de factos, é um processo lento, às vezes também designado de mudança de mentalidades.

 

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Mais um retrato de Portugal

Portugal retratado por Mauricio Lima no New York Times.

Mauricio Lima for The New York Times
"Emilia Garcia, 46, stood in the Santa Filomena neighborhood in Amadora, Portugal, where local authorities have ruled that the entire neighborhood — predominantly home to immigrants from Cape Verde — is illegally occupied and have begun to demolish all of the homes there. Portugal has assiduously followed the belt-tightening prescriptions of its international lenders, passing on Tuesday yet another tough budget that raises taxes and cuts services"

sábado, 24 de novembro de 2012

Afinal o que é que queremos?

Há muitas teorias sobre a realização pessoal, bem estar e felicidade das pessoas. Afinal o que é que nos move? O que é que nos faz bem à alma ou o que é que nos faz feliz? Em que é que consiste a realização pessoal? Há dias em que tudo parece fácil, natural e prazeroso e há os outros em que nada parece encaixar, correr como previsto. Há dias em que parece que sentimos o universo a conspirar em nosso favor e outros em que parece que todo o mundo acordou para nos contrariar.

Sim, o dinheiro e a liberdade de escolher a forma como se vive contribui para a felicidade, mas não é uma meta, é caminho. Gostamos mesmo é do desafio, ter um ideal, ter um plano e ir vivendo no sentido de o concretizar. Às vezes é impossível, e nós sabemos isso mas mesmo assim acreditamos porque dá estimulo para continuar. E a felicidade aparece pelo meio aqui e ali, como recompensa ou por acaso. Há quem acredite que quando acabar qualquer coisa, quando casar, quando tiver uma casa, quando tiver filhos aí sim vai ser feliz, como se achasse que a vida actual não é suficiente, é ilusão e quanto mais tarde se apercebem disso mais dói. É preciso ter ambição, mas a valorização e gratidão pelo que se tem também ajuda a que não se adie eternamente a felicidade consciente. Somos seres complexos, há muitas variáveis e nem sempre está tudo em alta. A nossa incapacidade de controlar determinados acontecimentos é frustrante, mas faz parte das regras do jogo. Temos diferentes estratégias para colmatar esta frustração, as actividades paralelas, os escapes, a descontracção e as massagens ao ego. Precisamos de sentir que somos capazes, que fazemos alguma coisa de útil, que somos dignos de reconhecimento e se não acontece numa área procuramo-lo noutra. Neste campo encontra-se o voluntariado, a dedicação a causas nobres (ex. família/amigos), o gozo de exibir um carro ou uma roupa/ou outro acessório novo (daí que a generalidade das mulheres aprecie fazer compras e boa parte dos homens aprecie grandes maquinas), o jogo e o desejo de ganhar, actividades físicas ou mentais e o desejo de ganhar ou se superar, a religião e o sentimento de pertença e as actividades que nos levam para outras realidades como os livros, os filmes, as novelas ou histórias da vida dos outros em geral. A frustração pode mesmo servir de estimulo para se tentar novas coisas e novos limites ao mesmo tempo que recarregamos energia para continuar a fazer qualquer coisa mais ou menos. Pelo meio há fazes de inovação e rotura com determinados hábitos, há acontecimentos inesperados, há azares e há sortes. Temos uma óptima capacidade de adaptação a novas realidades tal como também nos sabemos acomodar com facilidade. Não há uma resposta clara e única para as questões do inicio deste post. cada um terá as suas respostas e provavelmente vão mudar com os anos e fases da vida. Somos seres complexos e inconscientemente buscamos um equilíbrio, qualquer coisa que vá resultando no meio do caos e nos dê combustível para o resto.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Dor


Dor é um dos fenómenos mais complexos do organismo. Cada centímetro quadrado de pele tem cerca de 15 receptores para pressão, existem 6 sensores para o frio e 1 para o calor, mas para a dor, cada centímetro quadrado de pele tem cerca de 200 receptores! Os receptores da dor são terminações nervosas que respondem a estímulos dolorosos, encontram-se em todos os tecidos, excepto no cérebro. Quando estes receptores são activados (por estímulos biológicos, eléctricos, térmicos, mecânicos ou químicos), conduzem a informação através da medula espinal até ao cérebro, onde tomamos consciência da dor. contudo a dor está longe de ser um processo simples, componentes emocionais como o sentimento de felicidade ou tristeza, a atenção e valor que é dada à dor alteram substancialmente a sua percepção. Por exemplo, quando há uma lesão numa situação de perigo para nós ou para alguém próximo, a dor tem muito menos relevância do que numa situação trivial. Quando sentimos que é por uma causa maior, temos mais resistência á dor do que se não houvesse nenhuma razão ou explicação razoável. Cada pessoa prececiona um estimulo doloroso de forma unica e o mesmo estimulo, a mesma pessoa em circunstancias diferentes pode originar um dor com intensidades distintas.

Basicamente a dor serve de alarme, avisa quando algo está mal e precisa de ser reparado ou protegido enquanto recupera. Depois de uma lesão, há um período durante o qual a região afectada ficar mais sensível à dor, avisando-nos de que não devemos utilizar o membro lesionado, mesmo em coisas simples como um pequeno corte no dedo. Este mecanismo desencoraja a utilização e esforço do membro, dando tempo à sua recuperação.

Pode-se cair na tentação de acreditar que se não tivéssemos dor, de todo, seria muito melhor para todos, contudo há casos de indivíduos geneticamente insensíveis à dor que comprovam precisamente o contrario, tal como se lê nesta noticia da BBC. O que é que nós eramos capazes de fazer se não sentissemos dor?

No outro extremo está a dor de um membro que já não existe, a dor do membro fantasma, resultado de uma adaptação mal feita que o cerebro se seniu obrigado a fazer perante uma nova realidade. Como se trata a dor de um braço que já não existe? Ainda é um desafio para médicos e cientistas.

Às vezes diz-se que a dor tem a dimensão da importancia que lhe dermos, o problema é que nem sempre nos apercebemos da importancia que têm, nem dos truques que a nossa consciência faz por nós.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Cliché

É fácil reconhecer uma cena ou expressão cliché quando a vemos. Em tempos foi novidade, foi surpreendente ou mesmo poético, mas o uso e abuso levou-lhe o efeito original. É algo previsível, que pode marcar a identidade de uma série, tipo de filme ou livro. Uma boa parte das cenas dos filmes são cliché e mesmo assim as pessoas até certo ponto gostam de ver confirmado e repetido aquilo que era previsível desde o inicio.

Saber que ficam juntos no final, que o bem triunfa sobre o mal, que apesar de todas as peripécias e picos de má sorte tudo se resolve. É quase inevitável cair em algum cliché, quando as histórias são demasiado realistas perdem a piada, para histórias realistas já chega a de cada um e dos que o rodeia, quando lemos um livro ou vemos um filme, série ou novela estamos pré-dispostos a ser transportados para uma nova realidade, onde as emoções estão sempre a flor da pele, onde não se teme o perigo ou as decisões arriscadas. Ao conhecer as personagens e a dinâmica da história vamos adivinhando o que vai acontecer e secretamente esperamos que siga o rumo que traçámos_cliché. Há abertura para novidades, surpresas e acontecimentos inesperados, mas tem que ser bem doseado, levar o espectador a acreditar num rumo quando no final se apresenta uma trama completamente diferente pode ser bem sucedido, mas não pode ser demasiado drástico, é pouco provável que se saia satisfeito de um filme se o protagonista, depois de ultrapassar todas as dificuldades morrer de forma estúpida no fim.

Quando a ideia é dar continuidade à história através de vários livros ou filmes é essencial que se preservem traços familiares, que se recorra a clichés que dêem a ideia de continuidade. O cérebro humano gosta da novidade, de ser surpreendido, mas também aprecia o gozo de alguma previsibilidade, estamos constantemente a analisar os acontecimentos e a pensar que se vai seguir. A ideia é manter as duas partes satisfeitas sem abusar do cliché, nem do caos da imprevisibilidade.


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Miúdos crescidos

Tenho a impressão de que os miúdos hoje em dia começam tudo mais cedo. As preocupações com a imagem, a mania de que já se é grande para fazer o que se quer e sair à noite, a maquilhagem, o álcool, o tabaco, os namoros, enfim, parece que saem mais cedo da casca. Ainda me faz confusão ver miúdos com 13/14 anos com pinta de quem já tem quase 18, não é só uma questão de imagem, mas de comportamento e mentalidade.

Esta semana saíram várias noticias que confirmam isso mesmo, os rapazes e as raparigas estão a entrar na puberdade cada vez mais cedo.
Segundo uma noticia da NBC, estudos revelaram que os rapazes americanos começam a apresentar sinais de puberdade cerca de 2 anos mais cedo do que o previamente descrito, por volta dos 9 anos para os negros e dos 10 nos brancos e hispânicos.
Nas raparigas também foi descrito algo semelhante, a percentagem de meninas com inicio do desenvolvimento mamário aos 7 anos tem vindo a aumentar, tal como foi descrito aqui e aqui.

Embora ainda não haja certezas quanto às causas e possíveis consequências destas mudanças, suspeita-se de factores ambientais (alterações genéticas demoraria centenas de anos a fazer-se notar) tais como aumento da obesidade e falta de actividade física, presença de químicos na comida e na agua. Estes factores podem interferir com a produção normal de hormonas, acelerando o processo.

Uma questão igualmente preocupante nesta tendência é pensar na maturidade e capacidade que as crianças têm para lidar com as alterações que vêm ocorrer no seu corpo quando ainda são tão novos. É a idade de começar a ter alguma independência, de deixar de ter medo de dormir sozinho, de começar a ter noção da existência de outras pessoas, com outras preocupações que não as suas. Na maioria dos casos ainda desconhecem a relação entre acção e consequência, ainda não pensam a longo prazo, ainda não se sentem responsáveis por si mesmos. Claro que a maturidade de cada um depende da sua história de vida, mas no geral continua a ser demasiado cedo para as mudanças que a puberdade acarreta. A própria maneira como os adultos interagem com as crianças tem que mudar e adaptar-se ao novo andamento. É necessário que as crianças/adolescente aprendam a gerir a descoberta da sexualidade numa fase em que quase não sabem tomar conta de si próprios, quando ninguém lhes fala disso porque acha que ainda é muito cedo e quando tudo parece fácil, acessível e natural como na televisão e na Internet.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Beautiful mind


Dia 10 de Outubro é assinalado como dia das doenças mentais. Este ano foi dedicado à depressão global (Depression: A Global Public Health Concern), acredita-se que afecta uma em cada vinte pessoas, os contornos nem sempre são claros e há uma boa parte que não é diagnosticada nem clinicamente tratada. Não admira que se fale tanto em depressão numa altura em que a "crise" parece ser sempre a palavra do dia.

O lado bom destes dias é que também alertam para visões diferentes das coisas, neste caso das doenças mentais. Alguns génios, nas mais diversas áreas, são vistos como seres particularmente criativos e ao que parece, a muitos deles são atribuídas a mais variadas doenças mentais, desde depressão, bipolaridade, esquizofrenia ou obsessão. Às vezes aquilo que lhes tira a capacidade de terem uma vida dita normal permite-lhes explorar campos não acessíveis aos comuns, ditos normais. Estes padrões são vistos em escritores, músicos, pintores, cientistas, entre outros. Aquilo que pode parecer loucura à vista desarmada pode ser apenas a sua zona de conforto e o caminho para algo inédito.

A beautiful mind e Creativity 'closely entwined with mental illness'  são dois artigos que apresentam visões interessantes sobre doenças mentais.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

People are Awesome

Numa altura em que já não se pode ligar a televisão ou sair à rua sem ouvir falar de crise e tudo aquilo que veio com ela é necessário ir relembrando que nem tudo à nossa volta se pode resumir ou se deve subjugar a isso. Sonhar continua a ser de graça e  sim, vivemos num planeta fantástico, onde existem pessoas capazes de coisas fantásticas.

People are Awesome

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Siria

Esta semana a organização Save the children publicou testemunhos de crianças que sentiram na pele as atrocidades impostas pela guerra civil na Syria que já dura há mais de 18 meses. Se é perturbador e revoltante para adultos, não consigo imaginar como ficam as crianças que sem saber/perceber porquê ficam diariamente expostos e sujeitos ao lado mais desumano da humanidade.

Untold Atrocities, the stories of syria’s children. Vale a pena ver aqui.


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A invenção de Deus

Será que houve um Deus que inventou a humanidade? ou terão sido os humanos a inventar Deus?
O cérebro humano está programado para ver padrões ou acaso. Há uma necessidade de justificar acontecimentos e acreditar que há uma razão ou plano por detrás disso tudo. É o cérebro que decide se acreditamos ou não em Deus e na sua influencia em pequenas coisas do dia-a-dia. É também no cérebro que tomamos consciência da realidade, será que imaginar Deus o torna real?

Este vídeo aborda estas e outras questões, cuja resposta tem sido procurada através da ciência. Algumas experiencias mostram como o comportamento das crianças é afectado pela ideia de haver uma pessoa invisível que os observa_O efeito da Princessa Alice. É interessante conhecer algumas das subtilezas do cérebro humano.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Mudar de ares

Há uns anos atrás por esta altura estava eu a mudar de ares e embora a ideia de ir para uma cidade desconhecida onde não conhecia ninguém possa parecer um pouco assustador, soube muito bem. Sabe a liberdade, é a oportunidade de fazer o que quer que seja sem o peso das opiniões ou ideias pré-definidas que as pessoas que nos conhecem têm de nós.

Somos seres sociáveis e como tal aprendemos a viver em sociedade desde muito cedo, apreciamos e buscamos a aprovação e reconhecimento pelos outros e embora isso nos dê conforto também nos limita a liberdade. À medida que nos vão conhecendo ou que conhecemos alguém vão-se ganhando rótulos, habituamos-nos a determinados comportamentos e desempenhos e sentimos a pressão de manter as expectativas e registos que os outros têm de nós. Mas porque raio damos tanta importância à opinião/expectativas das outras pessoas?

Chega a ser um pouco irritante, é tudo uma questão de tendências, os pensamentos reflectem o que outros pensam, os gostos seguem a tendência e a maneira de estar é mímica do que se vê à volta. A vontade de aceitação é tal que não há espaço para o original, o diferente é olhado de lado, pelo menos até se tornar tendência.

Admiro as pessoas que conseguem ser disparatadas sem, genuinamente, se preocuparem com a opinião dos que os vêm. Se a vida é nossa porque é que nos temos que reger pela visão que outros possam ter de nós. Foi por isso que soube bem chegar a um sitio novo com pessoas novas, ter uma nova oportunidade de ser de formas diferentes sem chocar com ideias pré-definidas, ou então o facto de ainda não as conhecer faz com que a sua opinião não tenha tanta importância. A ideia não é estar constantemente a romper com lugares e pessoas conhecidas, também é bom estar com quem nos conhece.Como não podemos andar eternamente a mudar de cidade e de pessoas resta-nos aprender a valorizar menos a opinião alheia e a não ter receio do diferente, do disparate ou do que quer que seja que nos apeteça ser.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Violência doméstica

Volta e meia surgem novas noticias ou pontos de situação relativos à violência doméstica. Esta era a noticia de hoje do semanário Sol. Aparentemente o número de casos de violência doméstica aumenta no Verão devido a maior convivência entre casais, entretanto o cenário de crise também poderá inflamar as discussões. Contudo, para mim, é evidente que algo de grave se passa por detrás de cada caso, mas não há justificação possível.

estudos que apontam uma vantagem evolutiva aos actos de violência doméstica, que supostamente aumentaria a probabilidade da mulher ter filhos seus e não de outro homem, embora perceba o raciocínio acho a teoria desadequada aos dias de hoje. É um problema comum a todas as culturas embora possa apresentar contornos distintos. É necessário ter ainda em conta que embora a maioria das vitimas sejam mulheres, também há casos de violência contra homens.

Nos dias que correm o papel da mulher já não é apenas cuidar da casa e dos filhos, cada vez mais estas tarefas são feitas a dois e a mulher também investe na sua própria carreira profissional. Deixou de haver uma única fonte de rendimento, deixou de haver uma dependência directa do outro. O casal é visto como dois indivíduos que partilham parte da sua vida e têm projectos em comum, mas também têm condições para a qualquer momento voltar a viver sozinhos. Os filhos poderão ser um boa razão para tentar manter um casal coeso, mas também não é obrigatório.

Eu acredito que o problema reside na meneia de pensar das pessoas. Uma relação não pode ser vista como um fim em si, mas antes como um processo. Antes de saber viver com outra pessoa é necessário aprender a estar sozinho, conhecer-se, respeitar-se e dar-se ao respeito. Nem sempre acontece, nem sempre as pessoas são educadas nesse sentido. Um acto de violência contra outra pessoa demonstra insegurança, dependência e falta de controlo de quem assim age. Não é uma questão de tempo, de dinheiro ou de poder, são razões bem mais primitivas.

Nos casos da violência doméstica não é só quem é agredido que precisa de ajuda, um precisa de perceber porque reage assim e entender os efeitos nefastos das suas atitudes o outro precisa de aprender que não há razões que justifiquem aceitar este tipo de atitudes e que é possivel viver de outra forma. Falhou muita coisa para se chegar à violência, a meu ver falham dois na construção de uma relação sustentável.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Dos conselhos à prática

"Os conselhos são a teoria da vida – e a prática, em geral, é muito diferente."   Paulo Coelho

Há uma característica mais ou menos universal nas pessoas que consiste em dar conselhos sempre que nos parecer que sabemos exactamente como a outra pessoa deverá agir perante um problema, real ou imaginário. A intenção é boa e normalmente baseiam-se em normas morais, naquilo que seria de esperar num mundo moralmente equilibrado em que temos total/algum controlo sobre os reacções/acontecimentos.

O que é um pouco irritante é que a maioria das vezes embora o conselho pareça realmente fazer sentido é um pouco vão. Estamos fartos de dar e ouvir conselhos e na maioria das vezes não aplicamos na nossa vida aquilo que aconselhamos aos outros. E porque não, já que defendemos tantos essas ideias porque não as pomos em pratica? Acredito que às vezes seja por não ter essa noção. É muito mais fácil analisar os problemas dos outros, encontrar as falhas e as soluções do que ver os nossos próprios problemas, primeiro porque só sabemos uma parte da historia, a mais conveniente, logo é menos informação a analisar e a ter em conta, depois porque não temos o mesmo envolvimento emocional que teríamos se o problema fosse nosso e por ultimo porque as conclusões ou medidas a tomar cabem a outra pessoa, não ponderamos da mesma forma o esforço e resultado que daí advém.

Isto tudo para dizer o que? Não acho mal dar conselhos, podem mesmo ser uma boa ajuda, quando realmente se sabe do que se está a falar e a outra pessoa está na disposição de os ouvir, contudo é necessário ter em conta a legitimidade que nós temos para os dar. Não adianta recomendar as regras se a nossa história diz que não fomos capazes de as seguir, a melhor forma de aconselhar/inspirar continua a ser o exemplo e não a teoria.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Questões idiotas

Sempre achei que o calor tem um efeito engraçado nas pessoas, ou então são as férias, ou as duas coisas juntas. É das poucas alturas em que abdicamos deliberadamente das rotinas (com alguma vontade e prazer). Somos animais de hábitos, gostamos do conforto de saber o que nos espera e ter algum poder sobre os resultados. Não é por acaso que nos mantemos fieis a determinadas marcas, lojas, restaurantes ou sítios. Quando finalmente chegam as férias é diferente, permitem-se pequenas doses de loucura e até procuramos experiências novas, estamos mais receptivos a novas ideias mesmo que sejam meio idiotas.


O que será que acontecia se todas as pessoas do planeta saltassem no mesmo instante? Uma questão idiota que há algum tempo se tinha colocado na minha cabeça e hoje esclareci!


terça-feira, 7 de agosto de 2012

Euromilhões

Euromilhões


Esta semana promete qualquer coisa como 190.000.000 euros para o primeiro prémio. Embora nem tenhamos real noção do que fazer com uma quantia deste género caída do céu, embora estejamos em crise e uma boa parte dos apostadores nunca tenha ganho nenhum prémio significativo, as apostas multiplicam-se. O que leva as pessoas a investir semanalmente na sorte? 

Matematicamente falando, a probabilidade de ganhar o euromilhões é 1 em 116,531,800. Assumindo que a probabilidade de ser atingido por um relâmpago é de “apenas” 1 em cada 700,000, significa que é quase 170 vezes mais provável do que ganhar o euromilhões! Contudo, se pensarmos na probabilidade de ganhar um prémio qualquer no euromilhões, é um pouco mais animados, 1 em cada 13 terá essa sorte. in Dinheiro.pt.

As razões que levam as pessoas a jogar estão intrinsecamente relacionadas com a forma como foi "desenhado" o jogo. Primeiro, embora a probabilidade seja extremamente baixa, caso aconteça ganhar ganhar algum prémio (do 4º ao 1º por exemplo) a recompensa será realmente significativa e aparentemente a baixo custo. Depois, o facto da saída de um pequeno prémio, de vez em quando, ser relativamente frequente (ao próprio ou a alguém conhecido) funciona como reforço positivo. Por outro lado, sem nos apercebermos, julgamos a probabilidade de um evento acontecer com base na frequência com que ouvimos falar disso (Availability Heuristic), aqui entra o papel da comunicação social e da publicidade propriamente dita. Toda a cobertura mediática dada aos sortudos serve para influenciar a nossa decisão em jogar, lembrando-nos de casos em que saíram grandes prémios. A própria organização dos Jogos assegura-se de que vamos ouvir falar dos vencedores através da participação em publicidades. Isto para não falar na falácia do jogador que consiste em acreditar que se um evento (saída de prémio ou conjunto de números) ainda não ocorreu num passado recentemente, certamente está mais próximo de acontecer, pena que a probabilidades de saída de um dado numero ou combinação no euromilhões seja completamente independente de eventos passados.

Todos estes factores contribuem para a fé no jogo e vão movendo verdadeiras multidões há espera do seu dia de sorte, nunca se sabe quando o improvavel pode acontecer.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

2045

Dmitry Itskov fundou a Iniciativa 2045 em Fevereiro do 2011e ambiciona alcançar a imortalidade através da tranferência da consciência humana para um holograma (tipo avatar) até 2045. Claro que um projecto deste género requer muito investimento (pessoas e dinheiro) e nada melhor do que convidar os membros mais ricos da lista Forbes para contribuírem e usufruírem do resultado, actualmente já são 1226 a sonhar com a imortalidade.


O projecto está dividido em várias etapas, desde a criação de avatares androides controlados por uma interface cérebro/computador, culminado na transferência da mente para novos corpos com capacidades que excedem as dos humanos.pelo meio, espera-se que os avanços tecnológicos resultantes do projecto possam beneficiar doentes que tenham perdido membros ou capacidades motoras e sensoriais.

2045 Initiative

Segundo o próprio Dmitry, esta pesquisa tem o potencial de libertar os humanos das doenças, da velhice e até mesmo da morte.

"A new era for humanity will arrive!  Changes will occur in all spheres of human activity – energy generation, transportation, politics, medicine, psychology, sciences, and so on." in http://2045.com/articles/30158.html

Não sei aonde irá chegar a ciência ou o sonho destes cientistas, o desejo de alcançar a imortalidade não é propriamente novidade, apesar disso, a ideia de ficar cá para sempre é um tanto assustadora e do meu ponto de vista inviável, mas isso sou eu que ainda não consigo ver à luz do novo paradigma da humanidade. Por outro lado algum avanço cientifico há-de resultar deste projecto, reside aí a minha esperança.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Terapia UAU

Grand Canyon-Sunrise at the South Ri, by Kevin Byrne.

Há aqueles momentos em ficamos simplesmente maravilhados com o sítio, o contexto ou toda a experiência, são momentos UAU. Há uma razão para as pessoas procurarem lugares e experiências capazes de nos deixar de queixo caído. Estes momentos deixam marca na nossa maneira de estar e de ser.

As cientistas Melanie Rudd e Jennifer Aaker dedicaram-se ao estudo dos efeitos de momentos UAU nas pessoas. Elas observaram que estas experiências são capazes de alterar a nossa percepção do tempo, tornar-nos mais pacientes, menos materialistas e mais solidários. Os psicólogos referem ainda que trazem benefícios a nível da saúde mental e nos torna pessoas mais simpáticas. Estes efeitos são explicados pela alteração da nossa percepção de tempo, como se este abrandasse, influenciando as nossas decisões e níveis de satisfação com o que nos rodeia.


De forma mais ou menos cientifica toda a gente já deve ter vivido alguma experiência deste género. É estar perante algo que se impõe, nos faz sentir pequeninos e torna tudo o resto insignificante, mesmo que por pouco tempo. É a quebra necessária no nosso ritmo acelerado para refrescar ideias e nos devolver uma visão mais clara sobre o mundo.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

No espaço

Fez no sábado um ano que a Atlantis aterrou pela ultima vez na pista do centro Espacial Kennedy, terminando assim a ultima viagem do programa de viagens espaciais da NASA, 30 anos depois do primeiro voo.

O programa de vaivéns espaciais (Space Transportation System  program) iniciou-se em 1981 com o lançamento do Columbia, ao qual seguiram-se o Challenger (1983), o Discovery (1984), o Atlantis (1985) e o Endeavour (1992).

Neste vídeo ficaram registados alguns momentos das 135 missões espaciais, incluindo as explosões do Challenger em1986 e do Columbia em 2003.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Confiança e oxitocina

Paul Zak recomenda oito abraços por dia. Seriamos mais felizes e o mundo seria um sitio melhor.

Chamam-lhe Dr. Love e é um especialista em oxitocina, ou aquilo a que ele chama a "moral molecule". A oxitocina pode ser a responsável pelo sentimento de confiança que temos ou não pelos outros, com implicações para a forma como nos relacionamos com outros e com o mundo. Por outro lado também interfere na nossa noção de certo ou errado, o julgamento moral das acções. É considerada a molécula do amor e dos afectos. Porque é que algumas pessoas mostram mais empatia, enquanto outras parecem estar bloqueadas para esse sentimento, como é que os níveis de oxitocina variam com o tempo e com as experiências? Vale a pena ver para perceber a maravilha do funcionamento do organismo.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Mulheres ao volante

Há muito que se fala e tenta apurar quem apresenta mais aptidões para a condução: homens ou mulheres. Aparentemente os homens são melhores condutores, mas mais amantes da velocidade e manobras arriscadas enquanto que as mulheres são mais cautelosas, no entanto são mais distraídas e, dizem eles, menos hábeis a fazer manobras. Na Alemanha não ficaram só pelo ideias e decidiram criar lugares de estacionamento especificamente para mulheres, onde é mais fácil estacionar e reservar os difíceis para a prol masculina.

Não costumo ter dificuldade a estacionar nem me parece necessário haver tal descriminarão. Admito que na generalidade uma boa parte das aselhices a que se assiste na estrada se deve a mão feminina, mas é provável que estas, de forma geral conduzam menos tempo que os homens e daí também não desenvolvam a mesma aptidão, afinal a pratica leva à perfeição. Por outro lado, é provável que os acidentes com mais estragos tenham mão e pé masculino, o ego e a testosterona normalmente gostam de adrenalina e velocidade.

Homens e mulheres tem perfil diferente na condução e no estacionamento, tal como também são diferentes nos super mercados ou em casa. Ainda não se lembraram de fazer rótulos específicos para informar mentes masculinas, ou maquinas de lavar roupa adaptadas à criatividade dos homens. Tendencialmente mulheres e homens dedicam-se mais a determinadas actividades, o que não significa que não tenham competência para fazer as outras coisas. Será mesmo necessário entrar por aí?

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Fazer uma pausa




Às vezes só precisamos de fazer uma pequena pausa, desligar um pouco e descontrair, antes de voltar a por mãos à obra.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Variações

Estou Além - António Variações

Não consigo dominar
Este estado de ansiedade
A pressa de chegar
P'ra não chegar tarde
Não sei de que é que eu fujo
Será desta solidão
Mas porque é que eu recuso
Quem quer dar-me a mão
 .
Vou continuar a procurar a quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só 
 .
Quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi
Porque eu só quero quem
Quem não conheci
Porque eu só quero quem
Quem eu nunca vi 
.
Esta insatisfação
Não consigo compreender
Sempre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar 
.
Vou continuar a procurar o meu mundo, o meu lugar
Porque até aqui eu só 
.
Estou bem Aonde não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Porque eu só quero ir
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
.
Acho que volta e meia todos temos um pouco desta sensação é como a psicologia reversa, queremos ser do contra mesmo sem saber muito bem porque. A ambição por aquilo que não se tem ou a desvalorização do actual. Queríamos mais sol, mais calor ou chuva, queríamos estar noutro sitio, queríamos estar de férias, queríamos outra coisa qualquer, até ao momento em que a temos, aí já não parece tão interessante e passamos a querer outra coisa qualquer. A sorte é que também não é assim com tudo, há os dias em que sentimos que estamos exactamente onde queremos estar e até nem nos importávamos de ficar ali paradinhos, mas aí também não nos fazem a vontade. Para o bem e para o mal a plenitude e a insatisfação nunca é para sempre, talvez seja isso que nos faz evoluir.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Motivação

Fire Performer, Thailand; Photograph by Sean Hower

Motivação é o desejo de fazer algo, faz a diferença entre acordar mais cedo espontaneamente para fazer alguma coisa ou passar o dia a deambular pela casa ou pela net enquanto se queima o tempo. A motivação é o elemento fundamental que faz a ponte entre os planos e a execução. Nem sempre temos noção da sua presença e relevância, mas é fácil perceber que quando não estamos motivados, o esforço, o empenho e o gozo em fazer algo é completamente diferente.

Já tive a experiência de passar horas a fio a fazer algumas tarefas sem notar o esforço, nem a passagem do tempo, sem ter fome, nem vontade de fazer pausas. Desafio pessoal ou imposto por alguém, normalmente nalguma coisa que realmente gosto e sinto que faz sentido fazer, às vezes nem lhe chamo trabalho pelo gozo de ver o resultado final. Por outro lado, também sei o que é ter um objetivo em mente sem sentir a mínima vontade ou força para me dedicar ao assunto. Arrasta-se o tempo e as desculpas para ir adiando, sente-se a culpa de não fazer, mas é passageiro, amanha ou para a semana acabo isso, qualquer outra tarefa ou plano parece ter mais interesse ou prioridade.

A motivação é resultado de um balanço mental entre expectativas, dificuldade da tarefa e força de vontade. Damos mais ou menos importância a algo de acordo com o nível de apreciação que antevemos despoletar. É certo que há muita coisa que é feita (pelo menos teoricamente) por nós e para nós, mas se sairmos do domínio pessoal, a maioria das coisas que fazemos fica sujeita a apreciação por terceiros, podendo ou não estar relacionada com trabalho. Às vezes fazemos coisas pelo desafio de aprender algo novo, novos conhecimentos e competências, outras vezes o desafio é colocado pelas circunstancias, pelo trabalho e aí há mais coisas em jogo. Nesse caso a espectativa que outras pessoas têm do nosso desempenho e o seu acompanhamento ao longo do processo podem ser determinantes no nosso nível de motivação. Para além de ser um objetivo ou meta pessoal queremos provar a nossa competência e não desiludir ou então queremos a recompensa associada ao trabalho, que pode bem ser o salário. A perceção da dificuldade da tarefa e aquilo que consideramos a recompensa pelo trabalho feito versus o empenho exigido também é determinante na motivação.

Ás vezes sentimos que nada nos move a fazer algo, mesmo quando há deadlines em mente, aí entra a força de vontade e a nossa capacidade de inventar. Inventamos motivos e razões extra, imaginamos que alguém ficará mesmo interessado no que vamos fazer, inventamos uma recompensa para quando finalmente terminarmos, imaginamos o alivio que será quando estiver resolvido, fazemos o pino e arranjamos forma de fazer o que tem de ser feito. Claro que o resultado final pode não ser tão brilhante como se tivéssemos genuinamente motivados, mas há objetivos maiores em mente, se mais nada nos valer ao menos não percamos esses. Depois de feito, o gosto de ter conseguido dará um sabor diferente ao esforço que nos foi exigido. Pode até nem ter valido muito a pena, mas o caminho tornou-nos melhores malabaristas.

domingo, 1 de julho de 2012

Um país em imagens

 

"Look Up at the Stars, Portugal!" by



Encontrei-o esta semana, não é propriamente recente, mas é uma perpectiva interessante. Portugal visto por um estrangeiro, imagens ao acaso que identificam lugares e tradições que ficam na memória. Tal como disse, uma perpectiva diferente, vale a pena.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Mulheres da Arábia Saudita nos Olimpicos

Dalma Rushdi Malhas, Agence France-Presse/Getty Image

Às vezes é muito tentador criticar os hábitos e formas de estar das pessoas de culturas diferentes da nossa. As nossas crenças enviesam a nossa capacidade de observar e compreender as suas crenças, os seus hábitos e liberdades. Numa altura em que tendemos para a globalização, acreditamos que todos os países deviam adoptar maneiras de estar mais ocidentais, mais familiares. Mas há sempre uma história por detrás de cada cultura que justifica essa maneira de estar e há a evolução. A Arábia saudita vai ter pela primeira vez uma mulher a competir nos jogos Olímpicos de Londres. As regras do jogo vão mudando, ainda bem.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Mais olhos que barriga

"Challenge kids breakfast", mais detalhes aqui
Se pensarmos na evolução da espécie humana, no que respeita a alimentação, pode-se concluir que houve uma alteração completa do paradigma (pelo menos nos países desenvolvidos, é a estes que me refiro neste post). Inicialmente o desafio era encontrar comida suficiente que assegurasse sobrevivência e energia para arranjar mais alimento, cuidar  da prol ou fazer a prol, arranjar e manter abrigo e defesa. Caso houvesse períodos de mais abundância era vantajoso armazenar energia, para alturas menos favoráveis. Actualmente parece que o desafio é comer o mais possível sem que daí advenham muitas consequências, embora também haja pessoas que simplesmente queiram comer.

Passamos da necessidade de ter uma organismo o mais eficiente possível para poder aproveitar todos os nutrientes disponíveis para o desejo de ter organismo eficiente em se ver livre do que lhe chega em excesso sem descurar a absorção e utilização de nutrientes essenciais. Claro que tanta perfeição não existe, entre metabolismos mais ou menos acelerados, a acumulação de gordura por tudo quanto é sitio (não só em zonas visíveis, mas também na maquinaria, artérias por exemplo) é a consequência mais flagrante que tem vindo a ganhar terreno com os hábitos de comer mais e mexer menos. Felizmente nem toda a gente pensa assim, mas é assustador ver a tendência: estamos mais sedentários, mais pesados e comemos mais do que há alguns anos atrás. Pior do que isso é perceber a confusão entre qualidade e quantidade, não interessa se é mais do que precisaríamos para o dia inteiro, se der para ser comido numa só refeição, faremos o melhor esforço.

Também não sou fã de comer duas ou três coisas no meio do prato e esperar ficar saciada até ao outro dia, às vezes sabe bem um pequeno excesso, a questão é que não se pode tornar a regra. Não podemos ter mais olhos que barriga e viver alegremente a pensar que o organismo se vais desenrascar com o que está a mais, ou então achar que um medicamento milagroso vai tornar a absorção selectiva, enfim qualquer ilusão serve para tornar o comportamento irracional mais aceitável. As pessoas não se deviam preocupar só com o tamanho (o que também só acontece mais no Verão), mas os olhos e a gula são mais fortes do que qualquer bomba relógio escondida.

Deixo-vos com o "Challenge Kidz Breakfast", uma moda que parece que se anda a espalhar e a ganhar adeptos.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Sebastião Salgado

"Não trabalho com a miséria, mas com as pessoas mais pobres. Elas são muito ricas em dignidade e buscam, de forma criativa, uma vida melhor. Quero com isso provocar um debate. A nossa sociedade é muito mentirosa. Ela prega como sendo única a verdade de um pequeno grupo que detém o poder."




Mina de Ouro de Serra Pelada (1986), Brasil por Sebastião Salgado.

 A imagem é indiscutivelmente melhor do que a palavra na descrição de um mundo que parece paralelo, mas não deixa de ser o mesmo. Recomendo um olhar pelo portfolio.


segunda-feira, 18 de junho de 2012

Boas ideias

Toda e gente sabe que o bem estar e relacionamento entre trabalhadores afecta significativamente o nível de produtividade de uma empresa. Nos últimos anos, algumas empresas têm vindo a dar cada vez mais importância a estes aspectos e a inserindo-os na sua filosofia empresarial como estratégia de competitividade. Trabalhadores satisfeitos, não só são mais criativos e activos como provavelmente darão menos faltas e dedicarão mais tempo ao seu trabalho sem se sentirem explorados. As condições de trabalho e o salário tem um papel importante nesta parte, mas há um conjunto de outras medidas, mais ou menos dispendiosas que podem trazer bons resultados.

Felizmente já não faltam exemplos de empresas que mimam os seus trabalhadores com vista a obter melhor resultados. Na semana passada o Sol anunciava o desenvolvimento de hortas biológicas pelos colaboradores da Corticeira Amorim em terrenos cedidos pela empresa. Numa altura de crise, em que o desejo de ter acesso a vegetais frescos de boa qualidade e a custo simpático tem vindo a ganhar terreno, esta medida parece-me uma boa forma de promover o bem estar dos colaboradores de forma simples e económica para a empresa. É uma questão de estratégia empresarial e boa vontade.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Arte

Italy Wall_Alexandre Farto aka Vhils

Um destes dias descobri Alexandre Farto e a sua arte. Gosto do conceito, principalmente da maneira como dá vida às paredes. Vale a pena ver, aqui.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Espaço pessoal

Se há coisa capaz de me irritar logo de manhã, é ter de entrar num metro em hora de ponta, e não é por ter de ficar de pé ou não poder ler o jornal, é mesmo por haver demasiadas pessoas em tão pouco espaço. As pessoas em si não são o problema, a distância a que ficam de mim é que incomoda. É geral e mais ou menos automático, as pessoas evitam cruzar olhar, tentam parecer distantes, entretidas com a vista ou com a musica que ecoa dos fones, tenta-se manter um distanciamento que fisicamente não é possível, ninguém se sente muito confortável, mas não há alternativa. Quando as pessoas que me rodeiam são amigos o cenário muda um pouco, há mais alguma tolerância à invasão/partilha de espaço, quanto mais próxima for a pessoa mais natural é estar próximo sem causar incómodo. Vulgarmente conhecido como espaço pessoal, é instintivo e determina a zona de conforto a que gostamos de manter as pessoas, consoante o tipo de relação que mantemos com elas, tal como descreveu o antropologista Edward Hall em 1966 como diagrama das bolhas invisíveis.


from wikipedia






A evolução encarregou-se de nos programar para sentir desconforto quando alguém estranho se aproxima demasiado, talvez um instinto de defesa ou protecção. As amígdalas são as grandes responsáveis, pequenas estruturas na base do cérebro envolvidas no processamento das emoções, tal como ficou descrito em vários estudos sobre o assunto.

É interessante observar que a dimensão da "bolha" varia consoante as culturas (os latinos sentem-se mais confortáveis com distâncias mais curtas que os americanos por exemplo) e factores como origem rural ou urbana das pessoas. Nas cidades, há bem mais situações em que é inevitável andar no meio da multidão, não há outro remédio senão ficar habituado ou mais insensível às "violações" do espaço pessoal. Por outro lado há circunstâncias em que estamos mais pré-dispostos a ficar mais próximos de estranhos ou semi-conhecidos sem disparar o alarme, tal como em momentos de convívio e descontracção nas saídas nocturnas. Contudo o facto de estarmos pré-dispostos a abdicar de alguns centímetros não significa que nos pareça normal/seja confortável estar colado a um estranho, a não ser claro que haja o factor álcool a moderar as interacções.

A distância a que duas pessoas conversam numa situação natural é um bom indicador do tipo de relação que há entre os dois. Varia à medida que se conhece melhor a outra pessoa, que se ganha confiança, se são do mesmo sexo ou do sexo oposto e se há interesse uni ou bilateral em envolvimento intimo. Quando lidamos com estranhos, somos mais permissivos a pessoas do mesmo sexo (pelo menos entre mulheres) e se for um animal de estimação (com ar pacifico) ou uma criança é possível que a aproximação para lá dos "limites" do espaço pessoal nos pareça natural.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Estereótipos

Estereótipos: ...a fixed, over generalized belief about a particular group or class of people.” (Cardwell, 1996)

Assumidos ou não, todos seguimos alguns estereótipos quando à primeira ou segunda vista "avaliamos" alguém que não conhecemos. A maioria das vezes não precisamos de muito tempo para termos uma ideia formada de alguém, da forma como se vai comportar, do nível de interesse ou falta dele, se será simpática ou desagradável. A grande vantagem dos estereótipos é que nos permite ter uma resposta rápida perante uma situação, só porque já passamos por uma experiência semelhante no passado. A contra partida é que podemos estar a ignorar diferenças entre os indivíduos, podemos estar a fazer generalizações abusivas e a julgar de forma errada, podemos perder uma boa oportunidade de fazer algo diferente. Tudo tem um preço.


A utilização de estereótipos é uma forma de simplificar a vida social, reduzindo a quantidade de informação que temos de processar quando conhecemos uma pessoa nova. Se pertence a um determinado grupo (étnico, cultural, fictício ou não, simplesmente a forma como a encaixamos em grupos pré-conhecidos) certamente partilha algumas das características das pessoas desse grupo. Este pensamento pode-nos levar à desilusão, por atribuir caracteristicas desejáveis indevidamente, mas a maioria das vezes o processo funciona ao contrario, ou seja atribuímos caracteristicas negativas que mais tarde não se verificam. Este é talvez um dos maiores problemas dos estereótipos, toda a gente se queixa quando as pessoas assumem à partida ideias negativas a seu respeito, é uma forma de discriminação. Não é justo embora se compreenda até determinado nível. Depois disso há ainda a nossa reacção perante as pessoas que enquadramos em determinado grupo, a nossa atitude vai certamente influenciar a resposta da outra pessoa, sem referir que vamos estar muito mais atentos a aspecto que queremos ver confirmados, porque são esperados, em detrimento de outros. Seria insensato acreditar que conseguimos eliminar completamente os estereótipos, a melhor forma de minimizar os danos é ter a mente aberta e receptiva, ter consciência do filtro que estamos a utilizar e ficar atentos aos sinais que podem sugerir de que estamos a fazer uma generalização abusiva, sem aniquilar os benefícios da estereótipagem e do sistema de alarme.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Criatividade

From Sky News


Deve haver muitas formas de definir criatividade ou alguém criativo, para mim, o ponto chave é visualizar algo para além do óbvio (e aqui óbvio significa o que a maioria vê), imaginar e projectar com o mínimo de restrições ou filtros possíveis. É um processo tão pessoal e imprevisivel que, uma parte de pessoas ficará espantada com a perspicácia, e uma outra parte criticará evocando ausência de valores morais e desrespeito por qualquer coisa.

Bart Jansen poderia ter feito o que a maioria faz após a morte do seu gato por atropelamento, mas não, decidiu transformá-lo num helicóptero ou "Orvillecopter". Embora não seja uma ideia que eu ache que deva ser generalizada, é no mínimo original.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Crianças como gente grande

"Children as young as five are being referred for treatment for depression and anxiety, the BBC has found."

Há qualquer coisa de errado nesta noticia.  Inicialmente era os casos de hiperactividade de levariam mais pais a levar as suas crianças ao psicólogo, não terá levado muito tempo para que a depressão e ansiedade também começasse a ser sinal de alarme.

"Experts said children are coming under increasing stress because of unemployment, financial problems and substance abuse among their parents."

A questão é, serão os problemas financeiros e abuso de substancias sinais dos novos tempos, será que  antigamente era mais fácil educar e ver crescer as crianças mentalmente saudáveis ou será que os pais estão a querer descartar-se de responsabilidades? Como é possível haver necessidade de colocar uma criança em terapia comportamental aos 18 meses de idade. Porque é que a depressão, ansiedade e comportamento obsessivo compulsivo  está a ser tratado com terapia comportamental e medicamentosa em crianças de 5 anos e não nas famílias?

Pelo que conta quem já tem experiência no assunto, as finanças e economias domésticas nunca foram tarefa fácil, manter a harmonia familiar também não. Tendemos para sociedades com mais liberdade de expressão e escolha, pessoas mais informadas,mas ao que parece mais stressadas e com menos tempo para os lidar com os problemas familiares. Talvez antigamente não se prestasse tanta atenção aos distúrbios de personalidade e comportamento eventualmente apresentados pelas crianças, talvez houvesse outras formas de lidar com o problema, talvez não houvesse medicamentos no mercado para o efeito e isso não fosse considerado doença que justificasse levar a criança a um terapeuta. A minha interpretação desta noticia está limitada à informação disponibilizada, mas assusta-me a forma como este tipo de procedimentos começa a ser considerado normal. Não é normal uma criança de 18 meses apresentar-se constantemente ansiosa, mas é provável que a causa dessa ansiedade resida no meio que o envolve, nas pessoas que lidam com ele, seria mais justo e eficaz detectar e tratar a causa e não partir para a analise e tratamento da criança em si. Os problemas vão continuar em casa quando a criança regressar da terapia, embora seja melhor tratar uma doença no seu inicio, parece-me demasiado precipitado querer controlar o eqilibrio dos neurotransmissores em tão tenra idade sem esgotar as outras opções. Que impacto terá isso na formação de personalidade, na aprendizagem, na interacção com os outros e nas famílias?