quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Para bem da economia


Se por um lado há séculos que se cobiça o elixir da vida eterna, por outro há quem defenda que se devia deixar morrer os velhos para beneficio da economia, como disse o ministro japonês Taro Aso. Se há quem invista dinheiro, tempo e trabalho árduo na procura de tratamentos para as doenças que inevitavelmente vão afectar uma parte da população, há quem pense que não vale a pena reunir esforços para tratar as pessoas a partir de um certo momento, pois isso representa elevados custos com zero benefícios para a economia.
É estranho e perigoso pensar assim, digo eu.

O Japão é um dos países em que a esperança média de vida é mais elevada, cerca de 87 anos no caso das mulheres e 80 anos para os homens. Embora o envelhecimento seja inevitável, para Taro Aso, é um problema e deve ser resolvido. Talvez devesse haver um limite para se receber cuidados de saúde, uma validade, como se até determinado ponto se devesse tratar e a partir daí se devesse deixar morrer. Certamente que este senhor nunca passou muito tempo num hospital ou unidade de cuidados continuados. É claro que deve haver limites, não é razoável prolongar artificialmente a vida humana a qualquer custo, mas decidam de uma vez se querem viver mais ou ser deixados morrer em casos mais complexos.

Quando nós consideramos o envelhecimento não um problema a ser resolvido mas uma alteração inevitável com a qual temos que conviver pode-se começar a pensar em formas de maximizar os benefícios públicos e privados do envelhecimento enquanto se minimiza os efeitos das doenças associadas. É possível associar longevidade e qualidade de vida a oportunidades de negócio, a responsabilidade social, a melhor educação. Enquanto houver doenças que possam ser evitadas através da alteração dos hábitos de vida, há margem para reduzir os custos de saúde ou pelo menos responsabilizar de alguma forma os candidatos a essas doenças e aos cuidados de saúde que poderiam ser evitados.

Eu, que não sou da área da economia, acho abusivo defender uma morte mais célere para os enfermos com simples intuito de beneficiar a economia. Daqui a pouco vão chegar à conclusão que os presos, os portadores de deficiência profunda e porque não os desempregados (entres outros grupos pouco produtivos) não trazem beneficio para a economia, o que se vai fazer com eles?

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Mente dispersa

A mente humana tem uma  capacidade ilimitada o que faz com que disperse facilmente quando não tem uma carga de ocupação suficiente ou quando estamos a tentar focar em algo, mas preocupados com outra coisa.
Ontem estava no metro e reparei precisamente nisso. É comum encontrar pessoas com o olhar no vazio e o pensamento distante. É uma reacção semi automática, num momento estamos a ler ou a observar a paisagem e vamos sendo invadidos por pensamentos sobre coisas que não têm muito a ver e aí a mente vagueia, quase como quando sonhamos, nem sempre tem sentido, nem sempre tem elo de ligação, ás vezes nem nos damos conta que aconteceu. Os olhos continuam a ler ou a registar imagens, mas no final não nos lembramos de nada do que lemos ou vimos. Pequenas coisas fazem-nos regressar "à terra". Têm piada porque nem sempre são pensamentos racionais, é como se o nosso cérebro estivesse a tentar encontrar explicações ou a testar hipóteses para acontecimentos reais ou hipotéticos, sem grandes filtros ou censuras. Volta e meia acontece-me e fico espantada com a criatividade e de uma mente dispersa.




segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Magia do fim de ano

Às vezes a época da passagem de ano não parece ter nada de especial para alem de ser o final de Dezembro e inicio de Janeiro, contudo nem sempre é sentida assim assim, ou pelo não para toda a gente. Para além de ser o fim de um mês e inicio de outro é também o fim de um ano e inicio de outro, o que torna esta época mais propicia a balanços e resoluções para o futuro. Há varias ocasiões propicias a tais reflexões, mas esta parece ser das mais generalizadas.

À medida que nos distanciamos no tempo dos acontecimentos começamos a explorar outras perspectivas, fazemos re-avaliações e novas interpretações. O fim do ano pode ser pensado como o fim de mais uma etapa. É uma boa altura para pensar no que se tem feito e ver se está de acordo com planos/expectativas iniciais. Há o risco de se tornar nostálgico mas também podemos ter surpresas principalmente se for uma reflexão realista. É inevitável que uma boa parte das expectativas tenham saído furadas, que se fique desiludido com outras pessoas ou com nós mesmos em determinados acontecimentos, mas provavelmente também houve imprevistos e desenrolares que não estavam nos planos e se revelaram melhores do que se esperava. A par desta reflexão vem a nossa vontade de mudar tudo o que nos parece errado ou incompleto, fazemos novos planos e tomamos decisões para o novo ano. Sem saber muito bem porque, esta é também uma época em que gozamos de algum optimismo e esperança, daí que se estabeleçam objectivos que nunca passarão de desejos, mas que nos fazem acreditar que é possível e a querer correr mais riscos para lá chegar. Este é um estado que dura alguns dias ou até semanas, mas que se pode dissipar com o tempo se a vontade não for realmente forte. Há um aumento nas inscrições e idas ao ginásio ou corridas, por alguns dias come-se mais saudável, somos mais organizados e assertivos, somos mais confiantes, arriscamos mais e amamos mais. Depois vamos lentamente entrando novamente na rotina, as novas resoluções começam a ficar menos presentes e volta tudo ao normal, salvo algumas excepções.

É um ciclo que se repete todos os anos ou a cada vez que alguém decide fazer um balanço e repensar objectivos.