Motivação é o desejo de fazer algo, faz a diferença entre acordar mais cedo espontaneamente para fazer alguma coisa ou passar o dia a deambular pela casa ou pela net enquanto se queima o tempo. A motivação é o elemento fundamental que faz a ponte entre os planos e a execução. Nem sempre temos noção da sua presença e relevância, mas é fácil perceber que quando não estamos motivados, o esforço, o empenho e o gozo em fazer algo é completamente diferente.
Já tive a experiência de passar horas a fio a fazer algumas tarefas sem notar o esforço, nem a passagem do tempo, sem ter fome, nem vontade de fazer pausas. Desafio pessoal ou imposto por alguém, normalmente nalguma coisa que realmente gosto e sinto que faz sentido fazer, às vezes nem lhe chamo trabalho pelo gozo de ver o resultado final. Por outro lado, também sei o que é ter um objetivo em mente sem sentir a mínima vontade ou força para me dedicar ao assunto. Arrasta-se o tempo e as desculpas para ir adiando, sente-se a culpa de não fazer, mas é passageiro, amanha ou para a semana acabo isso, qualquer outra tarefa ou plano parece ter mais interesse ou prioridade.
A motivação é resultado de um balanço mental entre expectativas, dificuldade da tarefa e força de vontade. Damos mais ou menos importância a algo de acordo com o nível de apreciação que antevemos despoletar. É certo que há muita coisa que é feita (pelo menos teoricamente) por nós e para nós, mas se sairmos do domínio pessoal, a maioria das coisas que fazemos fica sujeita a apreciação por terceiros, podendo ou não estar relacionada com trabalho. Às vezes fazemos coisas pelo desafio de aprender algo novo, novos conhecimentos e competências, outras vezes o desafio é colocado pelas circunstancias, pelo trabalho e aí há mais coisas em jogo. Nesse caso a espectativa que outras pessoas têm do nosso desempenho e o seu acompanhamento ao longo do processo podem ser determinantes no nosso nível de motivação. Para além de ser um objetivo ou meta pessoal queremos provar a nossa competência e não desiludir ou então queremos a recompensa associada ao trabalho, que pode bem ser o salário. A perceção da dificuldade da tarefa e aquilo que consideramos a recompensa pelo trabalho feito versus o empenho exigido também é determinante na motivação.
Ás vezes sentimos que nada nos move a fazer algo, mesmo quando há deadlines em mente, aí entra a força de vontade e a nossa capacidade de inventar. Inventamos motivos e razões extra, imaginamos que alguém ficará mesmo interessado no que vamos fazer, inventamos uma recompensa para quando finalmente terminarmos, imaginamos o alivio que será quando estiver resolvido, fazemos o pino e arranjamos forma de fazer o que tem de ser feito. Claro que o resultado final pode não ser tão brilhante como se tivéssemos genuinamente motivados, mas há objetivos maiores em mente, se mais nada nos valer ao menos não percamos esses. Depois de feito, o gosto de ter conseguido dará um sabor diferente ao esforço que nos foi exigido. Pode até nem ter valido muito a pena, mas o caminho tornou-nos melhores malabaristas.